quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

SAGRADA FAMÍLIA - Ano B


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS - Ano B

Lc 2, 22-40
Ele crescia, cheio de sabedoria e o favor de Deus estava com ele 


Oração do dia
Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Lucas 4,22-40)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
 4,22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: 'Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor.' 24Foram também oferecer o sacrifício - um par de rolas ou dois pombinhos - como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29'Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel.' 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: 'Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma.' 36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos.  Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Palavra da Salvação.

3) Reflexão
O Evangelho da Festa da Sagrada Família, é tirado dos primeiros capítulos de Lucas.  Mais uma vez encontramos um tema muito importante para esse Evangelho – o encontro entre a Antiga e a Nova Aliança.  Durante Advento, Lucas fazia paralelo entre Isabel, Zacarias e João Batista, e Maria, José e Jesus.  No texto de hoje, os justos da Antiga Aliança são representados pelas figuras de Simeão e Ana, profeta e profetiza.  Outros dois temas de Lucas também se destacam nesse relato – o Espírito Santo e a opção pelos pobres.
Lucas destaca que os pais de Jesus foram ao Templo conforme a Lei (cf. Lv 12,8), para oferecer o seu sacrifício – de dois pombinhos.  Na Lei, esse sacrifício era permitido aos pobres!  Mais uma vez, continuando a lição da manjedoura e dos pastores, Lucas sublinha o amor especial de Deus para os pobres.  Deixa bem claro que Maria, José e Jesus eram contados entre eles – como aliás, era toda a população do Nazaré de então!
Simeão e Ana representam, em quase os mesmos termos de Zacarias e Isabel, os justos que esperavam a salvação de Deus – o grupo conhecido no Antigo Testamento como os “anawim”, ou “pobres de Javé”.  É de notar que, no seu canto, Simeão proclama que ele pode “ir em paz” - simbolizando que as esperanças dos justos da Antiga Aliança agora serão realizadas em Jesus.  Como na visitação a idosa Isabel, símbolo também dos justos, acolhia com alegria a chegada de Maria com Jesus, agora Simeão e Ana recebem com a mesma alegria a novidade da Nova Aliança, concretizada em Jesus.  Mais uma vez Lucas coloca juntos homem e mulher, um tema comum nos seus escritos (cf. 4, 25-28; 4, 31-39; 7, 1-17; 7, 36-50; 23,55-24,35; At 16, 13-34).  Assim, Lucas insiste que o homem e a mulher se colocam juntos diante de Deus.  São iguais em dignidade e graça, recebem os mesmos dons e têm as mesmas responsabilidades.
Como já fez em 2, 19 e fará de novo em 2, 50, Lucas frisa que os seus pais não entenderam plenamente ainda o alcance do mistério de Jesus. V. 33 insiste que “o pai e a mãe do menino estavam admirados do que se dizia dele”- mais uma vez nos apresentando José e especialmente Maria como modelos de fé. Apesar de qualquer revelação que eles tivessem, também tiveram que caminhar na escuridão da fé, descobrindo passo a passo o que significava ser discípulo de Jesus.
Jesus “crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria e o favor de Deus estava com ele”.  Mas esse crescimento foi  gradual, como com todos nós, e a sua família tinha um papel importantíssimo no seu crescimento.  Se, como adulto, ele podia nos dar a imagem de Deus como o amoroso Pai – tema tão caro a Lucas- era porque também aprendeu isso através da experiência do seu pai adotivo, José.  Se cresceu na espiritualidade dos anawim, era porque aprendeu isso desde o berço, junto com os seus pais.  Se foi fiel na busca da vontade de Deus, era porque assim se aprendia no ambiente familiar.  Em um mundo como nosso, que desvaloriza a vida familiar, o texto de hoje deve nos animar e desafiar, para que, como Maria e José, na claridade e na escuridão da caminhada, criemos um ambiente onde o amor possa florescer e onde os nossos jovens possam aprender,  como por osmose, a importância do amor nutrido em uma fé viva, na contramão da nossa sociedade consumista e materialista, que vê na família unida uma ameaça aos seus contra-valores.
Ninguém ignora que hoje a família tradicional enfrenta enormes dificuldades.  Diante dos problemas, respostas fáceis não servem.  Nem sempre é óbvio o caminho a seguir.  Novas dificuldades e novas perguntas exigem um novo olhar da parte da Igreja.  Há pouco presenciamos algo – infelizmente - quase inédito na Igreja:– um Sínodo sobre a família onde todos os participantes eram convidados pelo Papa a expressar as suas opiniões abertamente e sem medo!  Como a Igreja precisava disso!  Houve divergências, obviamente, pois nem tudo é claro.  Há quem prefere ignorar a realidade, fechar os olhos diante de problemas reais que causam muitas vezes muito sofrimento no seio das famílias, e refugiar-se em chavões legalistas em lugar de procurar descobrir o que Jesus faria em tais situações.  O Espírito Santo vai iluminar a Igreja e as famílias se realmente buscarmos juntos as maneiras evangélicas a responder aos novos desafios. Rezemos pelas famílias, pelas que estão bem firmes e pelas desestruturadas, e rezemos pelo papa Francisco para que tenha a força e a saúde para continuar a sua grande missão como representante de Jesus, compassivo e misericordioso, nos nosso tempos.

4) Oração (Sl 127/128)

R. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!

1Feliz és tu se temes o Senhor*
  e trilhas seus caminhos!
2Do trabalho de tuas mãos hás de viver,*
  serás feliz, tudo irá bem!

R. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!

3A tua esposa é uma videira bem fecunda*
  no coração da tua casa;
  os teus filhos são rebentos de oliveira*
  ao redor de tua mesa.

R. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!

4Será assim abençoado todo homem*
  que teme o Senhor.
5O Senhor te abençoe de Sião,*
  cada dia de tua vida.

R. Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!




terça-feira, 13 de janeiro de 2015

BATISMO DO SENHOR - Ano B


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

FESTA DO BATISMO DO SENHOR - Ano B

Mc 1, 7-11
“Tu és o meu Filho bem-amado; em ti encontro o meu agrado”


Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, que, sendo Cristo batizado no Jordão e pairando sobre ele o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Marcos 1,7-11)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
1,7 João Batista pôs-se a proclamar: "Depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. 8 Eu vos batizei com água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo." 9 Ora, naqueles dias veio Jesus de Nazaré, da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. 10 No momento em que Jesus saía da água, João viu os céus abertos e descer o Espírito em forma de pomba sobre ele. 11 E ouviu-se dos céus uma voz: "Tu és o meu Filho muito amado; em ti ponho minha afeição." Palavra da Salvação.

3) Reflexão
      Nesse Domingo, que comemora o batismo de Jesus, mais uma vez encontramos a figura do Precursor, João Batista, que foi uma das principais personagens das liturgias do Advento.  Mas, na leitura de hoje, a ênfase mesmo está na aceitação não somente do batismo de João, mas de quem viria depois dele: literalmente “atrás de mim”.  A expressão, que denota a dignidade, como em um cortejo, põe toda a importância na pessoa que vem – pois tirar as sandálias era serviço de um escravo.  Jesus é o mais importante, pois com a vinda dele inaugura-se o tempo de salvação, esperado naquele tempo por muitas pessoas e grupos (como os Essênios) somente para o fim dos tempos.
         Nesse texto de Marcos, o interesse volta-se menos para o batismo de Jesus como tal, e mais para a revelação divina que se lhe seguiu.  Sendo batizado por João, Jesus coloca-se dentro da humanidade caída, e publicamente assume o compromisso com a vontade do Pai.  A frase “viu os céus rasgarem-se e o Espírito como uma pomba descer sobre si” enfatiza que Deus intervém para realizar as suas promessas (cf. Is 63,19) através do envio do Espírito Santo.  Descendo sobre Jesus, o Espírito o designa como sendo o Salvador prometido e esperado.  A voz do Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público como seu Filho (cf. Sl 2,7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.
Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai.  Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus – cada um(a) de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (cf. I Jo 3,1), a quem aprouve escolher-nos.  Nada pode nos separar desse amor divino – nem a nossa fraqueza, nem o pecado (cf. Rm 8,39). O que é importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (cf. I Jo 4, 10-11).  Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as conseqüências – uma vida de fidelidade, que o levaria até a Cruz e a Ressurreição! (cf. Fl. 2,6-11)  Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz.  O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino dele, que “já está no meio de nós” (cf. Mc 1,14).

4) Oração (Sl 28,1a.2.3ac-4.3b.9b-10)

R. Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!

1aFilhos de Deus, tributai ao Senhor,*
  tributai-lhe a glória e o poder!
2Dai-lhe a glória devida ao seu nome;*
  adorai-o com santo ornamento!

R. Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!

3aEis a voz do Senhor sobre as águas,*
3csua voz sobre as águas imensas!
4Eis a voz do Senhor com poder!*
  Eis a voz do Senhor majestosa.

R. Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!

3bSua voz no trovão reboando!*
9bNo seu templo os fiéis bradam: 'Glória!'
10É o Senhor que domina os dilúvios,*
  o Senhor reinará para sempre!

R. Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!