sábado, 28 de julho de 2012

21º DOMINGO COMUM - ANO B


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

21º DOMINGO COMUM - ANO B

Jo 6, 60-69 

Tu tens palavras de vida eterna

Oração do dia    

Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (João 6,60-69)    

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, 6,60 muitos dos discípulos de Jesus, ouvindo-o, disseram: “Isto é muito duro! Quem o pode admitir?”
61 Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: “Isso vos escandaliza?
62 Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?
63 O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.
64 Mas há alguns entre vós que não crêem”. Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.
65 Ele prosseguiu: “Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido”.
66 Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.
67 Então Jesus perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?”
68 Respondeu-lhe Simão Pedro: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
69 E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!”
Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO    


        Aqui temos a conclusão do grande discurso sobre o Pão da Vida. Mais uma vez, a bíblia deixa claro que diante de Jesus e das palavras d’Ele, o ouvinte tem que tomar uma decisão radical. Os versículos do nosso texto não escondem o fato que nem todos conseguem optar por Jesus.
As primeiras palavras de hoje, “depois de ter ouvido isso”, demonstram que a divisão nasceu a partir de algum ensinamento de Jesus, sem explicitar o motivo exato da discussão. As preocupações comunitárias dos versículos anteriores, a afirmação de Jesus de que Ele dá o seu corpo como pão da vida e o fato que o texto se dirige aos discípulos, indicam que provavelmente foi o discurso eucarístico a fonte de divisão. Porém, a afirmação de Jesus de que Ele “dá a vida” - o que causou já uma divisão em 5, 19-47, e a identificação da sua palavra reveladora com “o pão vindo do céu” na primeira parte do discurso, talvez tenham criado a controvérsia. De qualquer maneira, é importante notar que a divisão não se dá entre “os judeus”, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento. Sem dúvida, essa história reflete a experiência da Comunidade do Discípulo Amado, na década de 90, quando estava sentindo na pele as dores de divisão, pois muitos dos seus membros estavam abandonando-a (essa divisão é o pano do fundo das três Cartas Joaninas).
É muito interessante a reação de Jesus diante do abandono da maioria dos seus discípulos. Ele não arreda o pé; mas, com toda calma, até convida os Doze para saírem, se não podem aceitar a sua Palavra. Jesus não se preocupa com números - mas com a fidelidade ao Pai. Talvez, até fique sozinho, mas não vai diluir em nada as exigências do seguimento da vontade do Pai. Um exemplo importante para nós, pois muitas vezes caímos na tentação de julgar o êxito pelos números: igrejas cheias indicam sucesso! Mas, nem sempre é assim - é mais importante ser coerente com o Evangelho, custe o que custar, do que “fazer média” com a sociedade, às vezes através de uma pregação tão insossa, que reduz a religião a mero sentimentalismo, sem consequências sociais.
Mas, devemos cuidar de não interpretar erradamente as palavras de Jesus em v. 63 quando diz que “É o Espírito que vivifica, a carne para nada serve”. Às vezes, usa-se essa frase (e outras de João) para justificar uma religião dualista, onde tudo que é “espírito” é bom e tudo que é material é do mal! Aqui, João não distingue duas partes do ser humano; mas, duas maneiras de viver! A “carne” é a pessoa humana entregue a si mesma, incapaz de entender o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus; o “espírito” é a força que ilumina as pessoas e abre os seus olhos para que possam entender a Palavra de Deus que se pronuncia em Jesus.
Diante do desafio de Jesus, Pedro resume a visão dos que percebem em Jesus algo mais do que um mero pregador. A quem iriam? Pois, só Jesus tem as palavras de vida eterna! Declaração atual, pois é moda na nossa sociedade - até entre muitos católicos praticantes - de correr atrás de tudo que é novidade: supostas aparições, videntes, esoterismo, religiões orientais, gnosticismo e tantas outras propostas, às vezes até esdrúxulas, enquanto se ignora a Palavra de Deus nas Escrituras.
      O texto de hoje nos convida a nos examinarmos, a verificarmos se estamos realmente buscando a verdade onde ela se encontra, ou se a deixamos de lado, achando - como a multidão no texto - que o seguimento de Jesus “é duro demais”! No meio de tantas propostas de vida, estamos convidados a reencontrarmos a fonte da verdadeira felicidade e da verdadeira vida, fazendo a experiência de Pedro, que descobriu que Jesus “tem palavras de vida eterna”.


Salmo responsorial 33/34

Provai e vede quão suave é o Senhor!

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!

Provai e vede quão suave é o Senhor!

O Senhor pousa seus olhos sobre os justos,
e seu ouvido está atento ao seu chamado;
mas ele volta a sua face contra os maus,
para da terra pagar sua lembrança.

Provai e vede quão suave é o Senhor!

Clamam os justos e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.
Do coração atribulado ele está perto
e conforta os de espírito abatido.

Provai e vede quão suave é o Senhor!

Muitos males se abatem sobre os justos,
mas o Senhor de todos eles os liberta.
Mesmo os seus ossos ele os guarda e os protege,
e nenhum deles haverá de se quebrar.

Provai e vede quão suave é o Senhor!

A malícia do iníquo leva à morte,
e quem odeia o justo é castigado.
Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos,
e castigado não será quem nele espera.

Provai e vede quão suave é o Senhor!



Nenhum comentário:

Postar um comentário