segunda-feira, 17 de setembro de 2012

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

VIGÉSIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Mc 10,2-16

O que Deus uniu, o homem não deve separar   
Oração do dia

Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Marcos 10,2-16)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 10,2 chegaram os fariseus e perguntaram a Jesus, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.
3 Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"
4 Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."
5 Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;
6 mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
7 Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;
8 e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9 Não separe, pois, o homem o que Deus uniu."
10 Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.
11 E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.
12 E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
13 Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam.
14 Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: "Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham.
15 Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará."
16 Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.
Palavra da Salvação

Comentário ao Evangelho


Continuando a caminhada d’Ele rumo a Jerusalém, onde o poder central religioso-político vai condená-Lo à morte, no intuito de acabar não somente com a pessoa d’Ele, mas, com o seu ensinamento d’Ele, Jesus, no texto de hoje, entra primeiro em controvérsia com os fariseus, os guardiães da prática fiel da Lei. Esses, que gozavam de prestígio diante da população mais simples, se auto-outorgavam o direito de serem os únicos intérpretes autênticos da vontade de Deus. Por isso, entram em conflito com Jesus, não na busca de conhecer melhor a vontade do Pai, mas, como ressalta o texto “para tentá-lo” (v. 2). O campo de batalha escolhido era o debate sobre o divórcio. O texto de referência para eles era Dt 24, 1-4, onde não se trata da legitimidade do divórcio, mas, dos critérios para que possa acontecer.
O evangelho de Mateus, no Capítulo 19, deixa mais claro do que Marcos o sentido do debate (Mt 19, 1-9). O pano de fundo eram os critérios necessários para que um homem pudesse divorciar a sua mulher (nem se cogitava a mulher pudesse divorciar o marido, pois a mulher era considerada “objeto” que pertencia ao homem!). No tempo de Jesus havia duas tendências, simbolizadas pelas escolas rabínicas dos grandes fariseus Hillel e Shammai. Uma escola, mais laxista (Hillel), ensinava que se podia divorciar a mulher por qualquer motivo, mesmo dos mais banais. A escola mais rigorosa - do Shammai - só permitia o divórcio por motivos muito sérios. Por isso, em Mateus a pergunta se define melhor: “é permitido divorciar a mulher por qualquer motivo que seja?” (Mt 19, 4).

Em ambos os evangelhos, Jesus se recusa a entrar no debate de casuística que cercava a questão e se limitava a reafirmar o projeto do Pai para o casamento: “Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar”. Aqui, Jesus reafirma com toda firmeza o ideal do casamento cristão - uma união permanente, baseada no amor, e fortalecida pela graça do sacramento. Seria inútil buscar nesse trecho uma teologia mais desenvolvida do casamento, muito menos orientações pastorais para os problemas práticos de casamentos malsucedidos, pois, isso não foi a intenção do autor. Marcos simplesmente reafirma o princípio de que “o que Deus uniu, o homem não deve separar”. Deixa em aberto a questão de quando é que Deus realmente uniu o casal! Será que, só porque passaram por uma cerimônia validamente celebrada na igreja, um casal é necessariamente unido por Deus? Os problemas reais são muito mais complexos, angustiantes e difíceis de serem solucionados.

 O trecho continua com a questão das crianças. A questão aqui não é a criança como símbolo da inocência; mas, de dependência. As crianças e os que se assemelham com elas vivem essa situação de dependência, de “sem-poder”. Quem quer entrar no Reino de Deus terá que abrogar-se de todo poder dominador, tornando-se como criança.
 Negando de aceitar a situação em que a mulher era simples objeto de posse do homem e assim passível de ser divorciada, e propondo o fraco e dependente como modelo, em uma sociedade que valorizava o prepotente, Jesus mostra que os valores do Reino de Deus estão na contra-mão dos valores da sociedade do seu tempo - e de hoje. Propõe uma igualdade de dignidade entre homem e mulher, uma fidelidade e compromisso permanentes, e a busca de uma vida de serviço e não de dominação! Realmente, uma proposta no contra-fluxo da sociedade pós-moderna que nega o permanente, perpetua o machismo e admira o poderoso e dominador! O texto de hoje nos convida para que, entremos “com Jesus, na contra-mão” e para que criemos uma sociedade baseada em outros valores do que os hoje em vigor, às vezes até no seio das próprias igrejas.

Salmo 127/128

O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.

Feliz és tu se temes o Senhor
e trilhas seus caminhos!
Do trabalho de tuas mãos hás de viver,
serás feliz, tudo irá bem!

O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.

A tua esposa é uma videira bem fecunda
no coração da tua casa;
os teus filhos são rebentos de oliveira
ao redor de tua mesa.

O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.

Será assim abençoado todo homem
que teme o Senhor.
O Senhor te abençoe de Sião
cada dia de tua vida.

O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.

Para que vejas prosperar Jerusalém
e os filhos dos teus filhos.
Ó Senhor, que venha a paz a Israel,
que venha a paz ao vosso povo!

O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.



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