Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
TRIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B
Mc 12, 38-44
“Esta viúva
pobre depositou mais do que todos os que depositaram dinheiro”
Oração
do dia
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo
obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Marcos 12,38-44)
Proclamação
do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 12,38 disse
Jesus: “Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas compridas, de
ser cumprimentados nas praças públicas
39 e de sentar-se nas
primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes.
40 Eles devoram os bens
das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais
rigoroso”.
41 Jesus sentou-se
defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele;
muitos ricos depositavam grandes quantias.
42 Chegando uma pobre
viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante.
43 E ele chamou os seus
discípulos e disse-lhes: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do
que todos os que lançaram no cofre,
44 porque todos
deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo
o que tinha para o seu sustento”.
Palavra
da Salvação.
Comentário ao Evangelho
No
Evangelho de Marcos, Jesus, na sua última semana de vida muito agitada em
Jerusalém, também encontra um sinal positivo - o gesto da viúva pobre que
depositou duas das menores moedas da época no cofre do Templo! Ela aparece no
texto de hoje em contraste com um certo tipo de liderança religiosa daquele
tempo. O texto relata dois acontecimentos (vv. 38-40; vv. 41-44). O primeiro
condena os escribas hipócritas, que concretizam tudo que Jesus quer que os seus
discípulos evitem. Ele adverte contra o seu anseio de ter prestígio e honras
(vv. 38b-39) - perigo constante para os líderes religiosos de todos os tempos e
de todas as religiões! - e o fato de eles esgotarem os recursos das viúvas,
enquanto demonstravam a aparência de piedade (v. 40). Embora essa passagem seja
muito mais suave do que Mateus 23, também tem sido usada historicamente para
atacar o povo judeu. Mas, ele não critica todos os escribas e muito menos todos
os judeus, mas somente um certo tipo de escriba (vv. 28-34), os que desviavam o
verdadeiro sentido do seu serviço religioso.
Na
antiguidade, os escribas podiam servir como administradores dos bens das
viúvas. Muitas vezes cobravam uma parte dos bens como pagamento - e um escriba
com fama de piedade tinha muitas possibilidades de ganhar clientes! Por causa
da sua avareza e hipocrisia, esses escribas receberão uma condenação severa no
Dia do Juízo, o tribunal mais alto que existe!
Do
outro lado, a viúva pobre, embora contribua com quase nada em termos
monetários, representa a verdadeira espiritualidade dos seguidores de Jesus. Pois,
ela contribui com tudo o que ela tinha para viver, e não com o supérfluo (v. 44).
Ela simboliza o grupo com a espiritualidade dos “pobres de Javé” - os que
depositavam toda a sua confiança em Deus e não nas riquezas nem no poder. Já em
outros textos (Mc 10, 17-30), Jesus enfatizou que era difícil para um rico
entrar no Reino de Deus - pois facilmente ele confia nas suas riquezas e não no
poder de Deus.
A
viúva anônima demonstra o fundamento dessa espiritualidade dos “pobres de Javé”
- gratuidade e doação total, aliadas a uma confiança absoluta em Deus. Contrastando
a sua ação com a atitude dos ricos, Jesus implicitamente condena o sistema do
Templo, pois ele explorava os mais pobres, exigindo até a oferta dos seus
parcos recursos, para que pudessem ter acesso a Deus! Assim, Jesus mostra que
Deus rejeita qualquer religião que explora e se enriquece às custas dos pobres.
Hoje não é nada raro encontrar grupos religiosos que exploram os mais pobres em
nome de Deus, com falsas promessas.
O
texto de hoje nos convida para que nos examinemos a nós mesmos, para verificar
se as nossas práticas religiosas estejam revelando o rosto verdadeiro do Deus
dos pobres, e para que evitemos totalmente quaisquer projetos - mesmo em nome
de Deus - que tiram dos mais necessitados o pouco que eles ainda têm. Também
somos convidados a evitar os critérios humanos em julgar as pessoas, pois, pode
acontecer que alguém doe muito, sem que lhe custe nada, pois vem do seu
supérfluo, enquanto frequentemente a “moeda da viúva”, oferecida pelos pobres,
tem muito mais valor diante do Senhor. Somos convidados a olhar e enxergar as
coisas com os olhos de Deus e não da sociedade materialista e consumista de
hoje.
Salmo
145/146
Bendize, minha alma, bendize ao
Senhor!
O Senhor é fiel para sempre,
fez justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos,
é o Senhor quem liberta os cativos.
Bendize, minha alma, bendize ao
Senhor!
O Senhor abre os olhos aos cegos,
o Senhor faz erguer-se o caído;
o Senhor ama aquele que é justo.
É o Senhor quem protege o estrangeiro,
quem ampara a viúva e o órfão,
mas confunde os caminhos dos maus.
Bendize, minha alma, bendize ao
Senhor!
O Senhor reinará para sempre!
Ó Sião, o teu Deus reinará
para sempre e por todos os séculos!
Bendize, minha alma, bendize ao
Senhor!
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