quarta-feira, 17 de outubro de 2012

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

TRIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Mc 12, 38-44

Esta viúva pobre depositou mais do que todos os que depositaram dinheiro

Oração do dia
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.   
Evangelho (Marcos 12,38-44)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 12,38 disse Jesus: “Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas
39 e de sentar-se nas primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes.
40 Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso”.
41 Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quantias.
42 Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante.
43 E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: “Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou mais do que todos os que lançaram no cofre,
44 porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, da sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento”.

Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho

No Evangelho de Marcos, Jesus, na sua última semana de vida muito agitada em Jerusalém, também encontra um sinal positivo - o gesto da viúva pobre que depositou duas das menores moedas da época no cofre do Templo! Ela aparece no texto de hoje em contraste com um certo tipo de liderança religiosa daquele tempo. O texto relata dois acontecimentos (vv. 38-40; vv. 41-44). O primeiro condena os escribas hipócritas, que concretizam tudo que Jesus quer que os seus discípulos evitem. Ele adverte contra o seu anseio de ter prestígio e honras (vv. 38b-39) - perigo constante para os líderes religiosos de todos os tempos e de todas as religiões! - e o fato de eles esgotarem os recursos das viúvas, enquanto demonstravam a aparência de piedade (v. 40). Embora essa passagem seja muito mais suave do que Mateus 23, também tem sido usada historicamente para atacar o povo judeu. Mas, ele não critica todos os escribas e muito menos todos os judeus, mas somente um certo tipo de escriba (vv. 28-34), os que desviavam o verdadeiro sentido do seu serviço religioso.

Na antiguidade, os escribas podiam servir como administradores dos bens das viúvas. Muitas vezes cobravam uma parte dos bens como pagamento - e um escriba com fama de piedade tinha muitas possibilidades de ganhar clientes! Por causa da sua avareza e hipocrisia, esses escribas receberão uma condenação severa no Dia do Juízo, o tribunal mais alto que existe!
Do outro lado, a viúva pobre, embora contribua com quase nada em termos monetários, representa a verdadeira espiritualidade dos seguidores de Jesus. Pois, ela contribui com tudo o que ela tinha para viver, e não com o supérfluo (v. 44). Ela simboliza o grupo com a espiritualidade dos “pobres de Javé” - os que depositavam toda a sua confiança em Deus e não nas riquezas nem no poder. Já em outros textos (Mc 10, 17-30), Jesus enfatizou que era difícil para um rico entrar no Reino de Deus - pois facilmente ele confia nas suas riquezas e não no poder de Deus.
A viúva anônima demonstra o fundamento dessa espiritualidade dos “pobres de Javé” - gratuidade e doação total, aliadas a uma confiança absoluta em Deus. Contrastando a sua ação com a atitude dos ricos, Jesus implicitamente condena o sistema do Templo, pois ele explorava os mais pobres, exigindo até a oferta dos seus parcos recursos, para que pudessem ter acesso a Deus! Assim, Jesus mostra que Deus rejeita qualquer religião que explora e se enriquece às custas dos pobres. Hoje não é nada raro encontrar grupos religiosos que exploram os mais pobres em nome de Deus, com falsas promessas.
O texto de hoje nos convida para que nos examinemos a nós mesmos, para verificar se as nossas práticas religiosas estejam revelando o rosto verdadeiro do Deus dos pobres, e para que evitemos totalmente quaisquer projetos - mesmo em nome de Deus - que tiram dos mais necessitados o pouco que eles ainda têm. Também somos convidados a evitar os critérios humanos em julgar as pessoas, pois, pode acontecer que alguém doe muito, sem que lhe custe nada, pois vem do seu supérfluo, enquanto frequentemente a “moeda da viúva”, oferecida pelos pobres, tem muito mais valor diante do Senhor. Somos convidados a olhar e enxergar as coisas com os olhos de Deus e não da sociedade materialista e consumista de hoje.

Salmo 145/146

Bendize, minha alma, bendize ao Senhor!

O Senhor é fiel para sempre,
fez justiça aos que são oprimidos;
ele dá alimento aos famintos,
é o Senhor quem liberta os cativos.

Bendize, minha alma, bendize ao Senhor!

O Senhor abre os olhos aos cegos,
o Senhor faz erguer-se o caído;
o Senhor ama aquele que é justo.
É o Senhor quem protege o estrangeiro,
quem ampara a viúva e o órfão,
mas confunde os caminhos dos maus.

Bendize, minha alma, bendize ao Senhor!

O Senhor reinará para sempre!
Ó Sião, o teu Deus reinará
para sempre e por todos os séculos!

Bendize, minha alma, bendize ao Senhor!



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