Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA - ANO B
Jo 15, 9-17
“Amem-se uns aos outros”
Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos celebrar com fervor estes
dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda
sempre aos mistérios que recordamos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho (João 15,9-17)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, disse Jesus
a seus discípulos: 9Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei
no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no
meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu
amor. 11Eu eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós
e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos
uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do
que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos, se
fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo
não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer
tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas
fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o
vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.
Palavra da
Salvação.
COMENTÁRIO
Poucos
trechos do Evangelho de João são tão conhecidos como o de hoje, pelo menos
pelas diversas frases lapidares tecidas dentro dele. Sobressai o tema básico do
“amor” - como a característica que deve distinguir os/as discípulos/as de
Jesus.
O amor é um
dos temas preferidos da sociedade atual, como mostram os nossos cantos, poemas
e novelas - mesmo que seja mais na fala do que na prática. Por isso, torna-se
necessário recuperar o sentido profundo do amor nos Evangelhos. Até um estudo
rápido mostra que o termo tem outro sentido do que aquele que a nossa sociedade
liberal e consumista lhe atribui. Na sociedade atual o amor não passa de um
sentimento agradável, uma emoção, quando não de um egoísmo disfarçado. Tendo
como base a emoção, torna-se temporário, volúvel, sem consistência, descartável.
Passado o sentimento, termina o amor! Uma das conseqüências dessa visão
pós-moderna é o alto índice de divórcios, de separações, de desistências de
tudo que é compromisso, pois a base é como areia movediça, não sustenta o peso
do dia-a-dia.
O amor ao
qual Jesus nos conclama tem outro sentido - é o amor “como eu os amei”. Como
foi que Ele nos amou? Dando a sua vida por nós. O amor torna-se uma atitude de
vida e não um sentimento. A comunidade dos discípulos/as - a Igreja - deve ser
uma comunidade de pessoas comprometidas com o projeto de Jesus, que veio “para
que todos tivessem a vida e a vida plenamente” (Jo, 10, 10). A comunidade
cristã deve ser muito mais do que um grupo de amigos e companheiros (Oxalá que
fosse isso também, pois freqüentemente nem isso é!) - deve ser uma comunidade
enraizada no amor de Jesus, que é a encarnação do Deus da vida, animada pelo
seu Espírito e dedicada a criar o mundo que Deus quer.
A
pedra-de-toque de uma comunidade cristã então não será o sentimento e a emoção,
mas os frutos que ela dá, frutos que devem permanecer (v. 16) e que não devem
evaporar com a instabilidade dos sentimentos. Tal comunidade vai ser comunidade
de vida e partilha, da justiça e solidariedade, da verdadeira paz e dedicação.
Saberá ultrapassar os limites da mera simpatia e atração, para assumir a vida
de cada irmão e irmã como expressão do amor do Pai.
É
interessante que, embora o trecho situe-se no contexto da véspera da paixão,
Jesus fala da alegra e da alegria completa. É impressionante como, em um mundo
que propõe a satisfação imediata pessoal e a “felicidade já” como metas,
garantidas pelo consumo e pelas posses, há tanta gente desanimada, triste,
insatisfeita e deprimida. Quantos jovens, mesmo - ou talvez especialmente - nas
classes mais abastadas, irrequietos e perdidos na vida. Pois a alegria não vem
somente das posses e dos bens materiais, e uma vida baseada sobre eles vai
necessariamente elevar à frustração. Mas também há muita gente, muitas vezes
com uma vida sofrida e difícil, que irradia a verdadeira alegria e profunda
paz, pois as suas vidas são alicerçadas sobre a rocha - uma vida de amor
verdadeira, na doação de si, na busca de uma vida digna para todos. A sociedade
do consumo nos aponta um caminho para a felicidade - sempre ter mais, em uma
busca individualista de felicidade, que só pode nos levar à alegria falsa dos
shows de Faustão ou Sílvio Santos. Jesus nos aponta o caminho para a verdadeira
alegria - uma vida de amor-doação, de busca da justiça e solidariedade, que tem
a alegria não como meta, mas que a traz como conseqüência.
Não há nenhum mandamento “simpatizai-vos uns com os outros”, mas há o mandamento do amor! Para isso precisamos de uma vida fortemente fundamentada no Evangelho e no seguimento de Jesus, pois se não temos, será impossível sustentá-la. Jesus nos quer como “amigos” e não servos, ou seja, pessoas que livremente assumem o seu projeto. Assim assinala que a religião não deve ser simplesmente o comprimento de uma série de leis e regulamentos, mas o seguimento de um projeto de vida, continuadora da sua missão, no mundo atual. Um projeto além das nossas forças humanas, pelo qual precisamos do dom sempre renovado do Espírito Santo, um dom que nos é garantido, pois, como diz o texto “o Pai dará a vocês qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome” (v.16). É um projeto que nos coloca na contramão da sociedade atual, mas que nos garante uma vida realizada e plena, que os falsos ídolos do consumismo são incapazes de nos dar. “O que mando é isso - amem-se uns aos outros”. (v. 17)
Não há nenhum mandamento “simpatizai-vos uns com os outros”, mas há o mandamento do amor! Para isso precisamos de uma vida fortemente fundamentada no Evangelho e no seguimento de Jesus, pois se não temos, será impossível sustentá-la. Jesus nos quer como “amigos” e não servos, ou seja, pessoas que livremente assumem o seu projeto. Assim assinala que a religião não deve ser simplesmente o comprimento de uma série de leis e regulamentos, mas o seguimento de um projeto de vida, continuadora da sua missão, no mundo atual. Um projeto além das nossas forças humanas, pelo qual precisamos do dom sempre renovado do Espírito Santo, um dom que nos é garantido, pois, como diz o texto “o Pai dará a vocês qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome” (v.16). É um projeto que nos coloca na contramão da sociedade atual, mas que nos garante uma vida realizada e plena, que os falsos ídolos do consumismo são incapazes de nos dar. “O que mando é isso - amem-se uns aos outros”. (v. 17)
Salmo responsorial 97/98
O Senhor fez conhecer a salvação
e revelou sua justiça às nações.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e revelou sua justiça às nações.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
O Senhor fez conhecer a salvação
e revelou sua justiça às nações.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos
e exultai!
O Senhor fez conhecer a salvação
e revelou sua justiça às nações.
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