Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
ASCENSÃO DO SENHOR - ANO B
Mc 16, 15-20
“Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa-Notícia para toda a humanidade”
Oração do dia
Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso filho, já é nossa
vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros
de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Mc
16,15-20)
Conclusão do Evangelho de Jesus
Cristo segundo Marcos 16,15-20
Naquele tempo: Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15e
disse-lhes: 'Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem
crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os
sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em
meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou
beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos
sobre os doentes, eles ficarão curados'. 19Depois de falar com os
discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20Os
discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e
confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.
Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
O texto de Mc 16,9-20, que contém o fim do Evangelho de Marcos, interrompe o fio da narração precedente, é muito diferente em estilo e vocabulário do resto do Evangelho e está ausente dos melhores e mais antigos manuscritos. Por isso, normalmente está designado nas nossas bíblias como “Apêndice” provavelmente escrito no segundo século, e baseado basicamente no Capítulo 24 de Lucas, com alguma adição de João 20 e com referências de fatos narrados em Atos. Embora não acrescente nada de novo para uma melhor compreensão de Jesus e dos acontecimentos pós-pascais, traz elementos muito importantes para a vida da Igreja hoje.
Destaca-se muito o mandamento missionário de Jesus - o de levar a Boa-Nova para toda a humanidade (Mt 28, 18-20). A Igreja é por sua natureza missionária, e uma Igreja que descuidasse desse mandato estaria traindo a sua identidade. Porém, faz-se necessário distinguir entre “missão” e “proselitismo”. Igrejas proselitistas têm como meta angariar fiéis de outras Igrejas para a sua. Giram ao redor de si mesmas, identificando a sua Igreja institucional com o Reino de Deus. Uma Igreja missionária tem como objetivo levar a Boa-Nova do Reino para todas as culturas e religiões, respeitando-as, sendo testemunha dos valores do Reino de Deus e ajudando a pessoas de boa vontade a descobrirem a presença do Reino - e do anti-Reino - nas suas próprias culturas e tradições religiosas. Um aprofundamento desse mandato nos fará lembrar que nós não somos donos da missão - a missão é do próprio Deus, cujo Filho Jesus foi o primeiro missionário da Trindade. Ele deixou uma comunidade de discípulos/as para continuar a sua missão da implantação do Reino de Deus, e nós somos herdeiros dessa missão. A serviço dela existem diversos carismas, ou dons do Espírito Santo, para o bem de todos. Mas ninguém está dispensado dessa tarefa missionária, fechando-se na sua própria comunidade, movimento, ou Igreja - pelo contrário, devemos sentir-nos unidos aos irmãos e irmãs do mundo todo e comprometidos com a construção da sociedade justa e solidária que será uma concretização da Boa-Nova do Reino de Deus. O objetivo da missão a longo prazo é de reunir a humanidade inteira no Reino de Deus (que ultrapassa as fronteiras da Igreja visível). Fazemo-lo através da proclamação explícita da Boa Nova, e no estabelecimento de um diálogo respeitoso com membros de outras tradições religiosas, convidando homens a mulheres a pertencer a uma comunidade de testemunho e serviço e levando a cada ser humano a missão divina de uma salvação integral.
O texto explicita alguns elementos importantes nessa atividade missionária: “expulsão de demônios”: expulsando da convivência humana os sinais do mal, do anti-Reino, que escraviza e oprime milhões de pessoas, através de estruturas econômicas, sociais e até religiosas, de exclusão; “falando línguas”: como em Pentecostes, criando uma nova língua do diálogo e respeito, a linguagem do amor, justiça e solidariedade; “vencendo veneno” - superando tanto veneno semeado durante milênios na convivência humana, expressado através do racismo, machismo, clericalismo, e todos os “ismos” que excluem e nos dividem; “curando doentes”: lutando na prática para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente” (Jo 10, 10), como fez Jesus, não somente fazendo curas individuais, mas restaurando a saúde integral, das pessoas e da criação, através da vivência comunitária e individual do projeto de Jesus. Seria trágica se esses elementos ficassem reduzidos à busca de “milagres” duvidosos, a falação de supostas “línguas dos anjos”, e a satanização de tudo, confundindo expressões de desequilíbrio emocional com a presença diabólica.
Salmo responsorial 46/47
Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta!
Povos todos do universo, batei palmas,
gritai a Deus aclamações de alegria!
Porque sublime é o Senhor, o Deus altíssimo,
o soberano que domina toda a terra.
Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta!
Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta.
Salmodiai ao nosso Deus ao som da harpa,
salmodiai, ao som da harpa, ao nosso rei!
Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta!
Porque Deus é o grande rei de toda a terra,
ao som da harpa acompanhai os seus louvores!
Deus reina sobre todas as nações,
está sentado no seu trono glorioso.
Por entre aclamações, Deus se elevou,
o Senhor subiu ao toque da trombeta!
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