Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
15º DOMINGO COMUM - ANO B
Mc 6,7-13
“Dava-lhes
poder sobre os espíritos maus”
Oração
do dia
Ó Deus, que mostrais
a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que
professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é
digno desse nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Evangelho (Marcos 6,7-13)
Proclamação
do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
6,7 Então, Jesus chamou os Doze e começou
a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos.
8 Ordenou-lhes que não levassem coisa
alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem
dinheiro no cinto;
9 como calçado, unicamente sandálias, e
que se não revestissem de duas túnicas.
10 E disse-lhes: “Em qualquer casa em que
entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali.
11 Se em algum lugar não vos receberem nem
vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele”.
12 Eles partiram e pregaram a penitência.
13 Expeliam numerosos demônios, ungiam com
óleo a muitos enfermos e os curavam.
Palavra
da Salvação.
Comentário
Esses versículos dão início ao
terceiro e último bloco da primeira parte do Evangelho de Marcos (6,6b-8,21)
que podemos intitular “a cegueira dos discípulos”. É a continuidade dos
primeiros dois blocos que tratavam da cegueira das autoridades e dos parentes
de Jesus. O nosso texto trata da missão dos discípulos. Vale a pena examinar
mais de perto as frases que Marcos usa.
O primeiro elemento é que a missão de
Jesus, o de construir o Reino de Deus, continua na missão dos discípulos. A
base da missão é o compromisso com Jesus e o seu projeto. Em nossos termos
hoje, cumpre lembrar que a origem da missão está no nosso batismo. Todos somos
Discípulos-Missionários. Se somos clero, religiosos ou leigos é secundário. A
missão comum vem do batismo comum de todos nós. A maneira de vivenciarmos a
missão pode ser diferente e variar; mas, a missão é fundamentalmente igual.
Ele os enviou dois a dois. Uma
maneira bonita de mostrar que a missão cristã é comunitária! Não existe um
cristianismo individualista. A nossa fé tem consequências profundas
comunitárias. Um alerta para que não caiamos na tentação de criarmos uma
religião individualista e intimista, tão comum no nosso mundo de
competitividade e pós-modernidade.
Jesus dava-lhes poder sobre os
espíritos imundos! Claro, aqui se expressa uma realidade importante nos termos
da cosmovisão da época. “Espíritos imundos” significam tudo que pudesse se opor
ao Reino. Tudo cujos valores fossem diferentes do Reino. Infelizmente, ainda
hoje muitos interpretam essas palavras ao pé da letra, e criam uma religião que
sataniza e demoniza quase tudo, uma religião de exorcismos e diabos - mas
sempre no nível intimista e individual. Devemos nos perguntar - quais os
espíritos imundos em nós, nas nossas comunidades, na nossa sociedade, que
precisam ser expulsos? Não é difícil achá-los: tudo que se opõe à vida, à
dignidade humana, à justiça e à solidariedade. Onde se vive o Evangelho, não há
lugar para o espírito de individualismo, de competitividade, de exclusão, que é
característica da nossa sociedade neoliberal, nossa sociedade de morte! O
cristão não pode compactuar com tal sociedade e com as suas estruturas. As
nossas celebrações não são para nos refugiarmos nelas, mas para nos
fortalecermos na luta pelo mundo novo, pela utopia de Jesus! Por isso, em
primeiro lugar, os discípulos tinham que se libertar do espírito de acúmulo -
não levar coisas, como sinal da chegada do Reino.
Mas, Jesus os adverte que nem todos
iriam acolher a sua mensagem - pois a mensagem de Jesus necessariamente entra
em conflito com o espírito do egoísmo, enraizado na sociedade. Vale para os
nossos tempos - uma Igreja comprometida com os valores do Evangelho será uma
Igreja rejeitada pelos poderes desse mundo. Quando somos bem aceitos por todos,
é porque não questionamos, porque perdemos a nossa voz profética! A Igreja
verdadeira suscita mártires (literalmente, testemunhas) e não acomodados!
O nosso texto nos convida a um exame
de consciência sobre a “missionariedade” da nossa vida. A minha vida, a da
minha comunidade, se resumem na vivência interna das estruturas da Igreja, ou
me leva a ser testemunha no meio da sociedade, profetizando e demonstrando a
chegada do Reino, não tanto pelas palavras, mas pelos valores que vivencio? Uma
Igreja que não seja missionária (que não significa ser prosélita) é uma Igreja
morta. Lembremo-nos que, pelo batismo, somos todos discípulos-missionários,
continuadores da missão de Jesus!
Salmo
84/85
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade
e a vossa salvação nos concedei!
Quero ouvir o que o Senhor irá falar:
é a paz que ele vai anunciar.
Está perto a salvação dos que o temem,
e a glória habitará em nossa terra.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade
e a vossa salvação nos concedei!
A verdade e o amor se encontrarão,
a justiça e a paz se abraçarão;
da terra brotará a fidelidade,
e a justiça olhará dos altos céus.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade
e a vossa salvação nos concedei!
O Senhor nos dará tudo o que é bom,
e a nossa terra nos dará suas
colheitas;
a justiça andará na sua frente
e salvação há de seguir os passos seus.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade
e a vossa salvação nos concedei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário