Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
16º DOMINGO COMUM - ANO B
Mc 6,30-34
“Jesus teve compaixão”
Oração do dia
Ó Deus,
sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons
da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos
fielmente os vossos mandamentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Marcos 6,30-34)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
6,30 Os apóstolos voltaram
para junto de Jesus e contaram-lhe tudo o que haviam feito e ensinado.
31 Ele disse-lhes:
"Vinde à parte, para algum lugar deserto, e descansai um pouco".
Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para comer.
32 Partiram na barca para
um lugar solitário, à parte.
33 Mas viram-nos partir.
Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de todas as cidades
acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram primeiro que eles.
34 Ao desembarcar, Jesus
viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não
têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
Até uma leitura superficial do texto
de hoje faz saltar aos olhos um tema muito central - o da “compaixão” de Jesus.
Aliás, os evangelhos todos - e especialmente Lucas - enfatizam este aspecto da
personalidade e da missão de Jesus. Ele demonstrou a quem o encontrasse a
verdadeira natureza de Deus: de ter compaixão para todos os que sofrem.
Os versículos de hoje demonstram este
traço de Jesus no seu relacionamento com os discípulos e com as multidões.
Com os discípulos, Ele ressalta a
necessidade de descanso depois das tarefas apostólicas. Quando voltam
empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é
convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças. Jesus tem
critérios que não correspondem com o grande critério da nossa sociedade - o da
eficácia! Para Ele, os apóstolos não eram máquinas, mas pessoas humanas que
necessitavam de serem tratadas como tal. O trabalho - mesmo o trabalho
missionário - não é o absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um equilíbrio
entre todos os aspectos da vivência humana. Aqui há uma lição para muitos
cristãos engajados hoje - embora devamos nos dedicar ao máximo pelo apostolado,
não devemos descuidar das nossas vidas particulares, do cultivo de valores
espirituais, da saúde e do relacionamento afetivo com os outros. Caso
contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras máquinas ou funcionários
do sagrado, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai.
Mais ainda, o texto ressalta a
compaixão de Jesus para com o povo sofrido. Era tão procurado pelo povo,
rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha
tempo para comer. Quando Ele se retirava, o povo ia atrás d’ Ele. O que atraía tanta
gente? Com certeza não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o
fato de irradiar compaixão, de demonstrar de uma maneira concreta o amor
compassivo de Deus. Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos.
Teve “compaixão”, literalmente, sofria junto, e tinha uma empatia pelos
sofredores, que se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva.
Este traço da personalidade de Jesus
desafia as Igrejas e os seus ministros hoje, para que não sejam burocratas do
sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai. Infelizmente a frieza humana
frequentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Em um
mundo que exclui, que marginaliza e que só valoriza quem consome e produz, o
texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus,
irradiando compaixão diante das multidões, hoje, como dois mil anos atrás,
semelhantes a “ovelhas sem pastor”.
Salmo responsorial 22/23
O Senhor é o pastor que me conduz:
felicidade e todo bem hão de seguir-me!
O Senhor é o pastor que me conduz;
não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes
ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha
e restaura as minhas forças.
O Senhor é o pastor que me conduz:
felicidade e todo bem hão de seguir-me!
Ele me guia no caminho mais seguro,
pela honra do seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,
nenhum mal eu temerei;
estais comigo com bastão e com cajado;
eles me dão a segurança!
O Senhor é o pastor que me conduz:
felicidade e todo bem hão de seguir-me!
Preparais à minha frente uma mesa,
bem à vista do inimigo,
e com óleo vós ungis minha cabeça;
o meu cálice transborda.
O Senhor é o pastor que me conduz:
felicidade e todo bem hão de seguir-me!
Felicidade e todo bem hão de seguir-me
por toda a minha vida;
e na casa do Senhor habitarei
pelos tempos infinitos.
O Senhor é o pastor que me conduz:
felicidade e todo bem hão de seguir-me!
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