Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B
Mc 1, 29-39
“Foi para isso que eu vim”
Oração do dia
Velai, ó
Deus, sobre a vossa família com incansável amor; e, como só confiamos na vossa
graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Marcos 1,29-39)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. 1.29 Assim que saíram da
sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava
de cama, com febre; e sem tardar, falaram-lhe a respeito dela. 31 Aproximando-se ele,
tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a
servi-los. 32 À tarde, depois do
pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. 33 Toda a cidade estava
reunida diante da porta. 34 Ele curou muitos que
estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes
permitia falar, porque o conheciam. 35 De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e
foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração. 36 Simão e os seus
companheiros saíram a procurá-lo. 37 Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram." 38 E ele respondeu-lhes:
"Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso
é que vim." 39 Ele retirou-se dali,
pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios. Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
O nosso texto de hoje pode ser dividido em três partes: vv 29-31 - a
cura da sogra de Pedro; vv 32-34: curas em Cafarnaum; vv 35-39: Jesus reforça a
sua vocação e missão pela oração. O conjunto forma uma unidade que pode nos
ensinar coisas importantes para a nossa vida de cristãos.
A cura da sogra de Pedro faz contraste com a cura no texto no trecho
anterior (1, 23-28). Aquela cura se dava em um lugar considerado “sagrado” - a
sinagoga - enquanto a de hoje se realiza em um lugar considerado “profano” - a
casa; aquela era de um homem, a de hoje de uma mulher; a primeira em um lugar público,
a da sogra em um lugar privado. Assim, Marcos enfatiza que a missão libertadora
de Jesus abrange tudo e todos, sem distinção de gênero, condição social, ou
local. Jesus mostra que na verdade não existem locais “sagrados” ou “profanos”,
pois Deus está, e age, em todo lugar onde há os seus filhos e filhas. A sogra,
quando curada, levanta-se e começa a servir os discípulos - ou seja, quem é
libertado por Jesus não se satisfaz com isso, mas em resposta coloca-se a
serviço da comunidade. O encontro com Jesus nunca é algo somente intimista,
como querem tantos grupos e movimentos hoje, mas sempre leva à comunidade e à
missão.
A cura das multidões de doentes nos mostra a situação do povo do
interior da Galiléia no tempo de Jesus - muitos doentes de todos os tipos, por
falta de recursos. Muito semelhante ao Brasil de hoje. Jesus expulsa os
demônios - que significavam, na linguagem daquela época, tudo que oprimisse a
pessoa humana, todas as manifestações do mal. Como o texto anterior, o atual
também nos convida a descobrir quais as manifestações do mal que devem ser
afugentadas da nossa sociedade de hoje - as que deixam tantas pessoas sem
saúde, sem recursos, sem uma vida digna dos filhos/as de Deus. Nos convida a
lutar, não através de “exorcismos”, muitas vezes teatrais e chocantes, mas
através de uma luta permanente e firme em favor dos Direitos Humanos do nosso
povo sofrido.
A terceira parte do texto nos traz o segredo da força da missão de
Jesus. Mesmo esgotado com o trabalho em favor do povo, ele se levanta de
madrugada para ficar na intimidade com o Pai. Na solidão do sertão, em oração,
ele reza a sua missão e se abastece com a força do Pai. Na solidão do mato,
Jesus achou a força para poder levar a sua missão até o fim na fidelidade - até
o ponto de fracassar, humanamente falando! A atitude de Pedro e dos
companheiros é outra - “Todos estão te procurando!” Isso significa, “Você está
fazendo sucesso em Cafarnaum - volte para lá, faça mais sucesso ainda!” A
tentação permanente do poder e da fama - onde no fundo se busca mais a
auto-realização e o prestígio do que a vontade de Deus. Tentação muito atual
para nós, nos dias de hoje, com tanta manipulação da religião pelos meios de
comunicação. Mas Jesus não cai - a resposta d’Ele é contundente: “Vamos para
outros lugares, pois foi para isso que eu vim”. Jesus não deixa que a fama e o
prestígio o tirem do caminho do Servo de Javé - ele anda pelas aldeias da
Galiléia, no “fim da picada”, para levar a compaixão de Deus aos mais
abandonados e sofridos, nos becos-sem-saída de Israel.
Esse trecho demonstra a dinâmica interna da vida de Jesus, que deve ser a da cada vida cristã. Quanto mais ele trabalha na missão, mais ele sente a necessidade de rezar. Mas, mais que reza, mais tem força para voltar à missão. Jesus não está a serviço d’Ele mesmo, nem de uma estrutura - mas do Pai e do povo, dois aspectos da mesma missão. O texto nos adverte contra duas tentações tão comuns na Igreja de hoje - a de só trabalhar, sem aprofundar a vida íntima com Deus e a de só “rezar” de uma maneira individualista e intimista, sem a dedicação à missão. Jesus mostra que a missão leva à oração e a oração leva à missão - e não a qualquer missão, mas à missão da libertação do povo sofrido e oprimido, sinal da presença do Reino de Deus entre nós.
Esse trecho demonstra a dinâmica interna da vida de Jesus, que deve ser a da cada vida cristã. Quanto mais ele trabalha na missão, mais ele sente a necessidade de rezar. Mas, mais que reza, mais tem força para voltar à missão. Jesus não está a serviço d’Ele mesmo, nem de uma estrutura - mas do Pai e do povo, dois aspectos da mesma missão. O texto nos adverte contra duas tentações tão comuns na Igreja de hoje - a de só trabalhar, sem aprofundar a vida íntima com Deus e a de só “rezar” de uma maneira individualista e intimista, sem a dedicação à missão. Jesus mostra que a missão leva à oração e a oração leva à missão - e não a qualquer missão, mas à missão da libertação do povo sofrido e oprimido, sinal da presença do Reino de Deus entre nós.
Salmo 146/147
Louvai
a Deus, porque ele é bom,
cantai ao nosso Deus, porque é suave:
cantai ao nosso Deus, porque é suave:
ele
é digno de louvor, ele o merece!
O
Senhor reconstruiu Jerusalém
e os
dispersos de Israel juntou de novo.
Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
Ele
conforta os corações despedaçados,
ele
enfaixa suas feridas e as cura;
fixa
o número de todas as estrelas
e
chama a cada uma por seu nome.
Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
É
grande e onipotente o nosso Deus,
seu
saber não tem medida nem limites.
O
Senhor Deus é o amparo dos humildes,
mas dobra até o chão os que são
ímpios.
Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário