segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

6º SEXTO DOMINGO - ANO B



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B

Mc 1,40-45

E de toda parte, as pessoas iam procurá-lo

Oração
Ó Deus, que promestestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Marcos 1,40-45)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
1,40 Aproximou-se de Jesus um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me."
41 Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado."
42 E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado.
43 Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação:
44 "Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho."
45 Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele.
Palavra da Salvação.
Comentário

O primeiro capítulo de Marcos termina com um trecho que pode esclarecer o quê significava para Jesus “ir adiante e pregar a Boa-Nova” (Mc 1, 38s). Marcos, diferente dos outros evangelistas, raramente nos conta o conteúdo da pregação de Jesus. Mas, ele ilustra esse ensinamento, relatando ações de Jesus que demonstravam o sentido da chegada do Reino e da sua Boa Notícia.

O texto de hoje conta a cura de um leproso. Os leprosos eram entre os mais marginalizados da época (mesmo que agora a medicina saiba que a doença de Hansen como tal não existia na Palestina do tempo de Jesus, e que essas pessoas sofreram de diversas doenças da pele e não da Hanseníase, propriamente dita!). Eram obrigados a viver fora da cidade ou aldeia, longe do convívio social, por motivos higiênicos e religiosos (Lv 13, 45-46). A única esperança do leproso de ser reintegrado na comunidade estava através de uma cura por parte de Jesus. Ele diz algo significativo “se queres, tu tens o poder de me curar”. Pois, em Marcos, Jesus nunca faz milagre para despertar a fé - pelo contrário só faz milagre onde a fé já existe. O milagre em Marcos nunca causa a fé, mas é a fé que causa o milagre. Isso se torna importante: recordar no nosso mundo tão entusiasto em correr atrás de supostos milagres e milagreiros, e pouco adepto a aprofundar a fé em Jesus no seguimento d’Ele até a cruz. O Evangelho de Marcos tem pouco lugar para a religião “light”, tão em voga hoje em diversos segmentos das Igrejas cristãs.

A reação de Jesus é interessante: “Jesus ficou cheio de ira” - certamente não com o leproso, mas com o sistema social e religioso que marginalizava uma pessoa humana em nome de Deus. As leis de pureza, inventadas pelos homens e atribuídas a Deus, tinham o efeito de excluir muitas pessoas da convivência humana e religiosa. O Evangelho nos desafia para que tenhamos a coragem de examinar as nossas leis e práticas para verificar se nós também não criamos classes de excluídos e cristãos da segunda categoria, em nome de Deus!
Depois da cura do leproso, encontramos um elemento característico do Evangelho de Marcos - o chamado “segredo messiânico”. Jesus proíbe que ele conte para os outros a história da cura! Que esperança! O homem sentiu necessidade de espalhar a boa-notícia da sua cura - naturalmente. Essa proibição vai aparecer muitas vezes em Marcos - e no relato da confissão de Pedro na estrada de Cesaréia de Filipe vamos ver o motivo atrás dele. Pois Jesus não quer que o povo siga-O, buscando prodígios e milagres, mas quer que todos se tornem os seus discípulos como o Servo de Javé, pegando a sua cruz na luta por um mundo melhor, a concretização do Reino de Deus. Por isso, é de desconfiar de pregações e celebrações religiosas que se limitam a experiências intimistas de Deus sem um engajamento na transformação do mundo e das suas estruturas.
Finalmente, o homem deve apresentar-se aos sacerdotes para que a sua cura seja autenticada, segundo as leis levíticas. Pois para Jesus, não basta a cura individual - Ele quer que todas as pessoas sejam integradas em uma vivência comunitária sem marginalização por causa de gênero, classe social, raça, cor ou saúde! A fé em Jesus leva a um mundo totalmente diferente do mundo de exclusão que é a nossa atual sociedade neo-liberal e consumista! E diante dessa boa-nova de inclusão, o povo excluído corre atrás de Jesus, pois Ele manifesta a verdadeira face de Deus a eles, o Deus de bondade e perdão, cujo rosto tinha sido escondido pelas leis de puro e impuro do Templo e do sistema sacerdotal e farisaica da época - “e de toda parte as pessoas iam procurá-lo”.

Salmo 31/32

Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

Feliz o homem que foi perdoado
e cuja falta já foi encoberta!
Feliz o homem a quem o Senhor
não olha mais como sendo culpado
e em cuja alma não há falsidade!

Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

Eu confessei, afinal, meu pecado
e minha falta vos fiz conhecer.
Disse: “Eu irei confessar meu pecado!”
E perdoastes, Senhor, minha falta.

Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

Regozijai-vos, ó justos, em Deus,
e no Senhor exultai de alegria!
Corações retos, cantai jubilosos!

Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.




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