Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA - ANO B
Mc 9,2-10
“Este é o meu Filho
bem-amado. Ouvi-O!
Oração do dia
Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai
nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé,
nos alegremos com a visão da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Marcos 9,2-10)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. 9,2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e
conduziu-os a sós a um alto monte. E 3 transfigurou-se diante
deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que
nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas. 4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus. 5 Pedro tomou a palavra: “Mestre, é bom para nós estarmos aqui;
faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6 Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira
atemorizados. 7 Formou-se então uma
nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: “Este é o meu
Filho muito amado; ouvi-o”. 8 E olhando eles logo em
derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com eles. 9 Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem
quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem houvesse ressurgido
dos mortos. 10 E guardaram esta
recomendação consigo, perguntando entre si o que significaria: “Ser
ressuscitado dentre os mortos”. Palavra da
Salvação.
COMENTÁRIO
O texto de hoje vem logo
após o diálogo com Pedro e os discípulos, na estrada de Cesareia de Filipe,
sobre quem era Jesus e como deveria ser o seu seguimento: “Se alguém quer me
seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (Mc 8, 34).
Começando essa passagem com as palavras “Seis dias depois”, Marcos quer ligar
estreitamente o texto com a mensagem anterior sobre a cruz.
O texto destaca um aspecto
de Jesus que é muito importante - o fato que Ele era um homem de oração.
Durante a oração aparecem Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas.
Assim, Marcos mostra que Jesus está em continuidade com as Escrituras, isto é,
o caminho que Jesus segue está de acordo com a vontade de Deus. Os dois
personagens, tanto Moisés como Elias, eram profetas rejeitados e perseguidos no
seu tempo - Marcos aqui vislumbra mais uma vez o destino de Jesus, de ser
rejeitado, mas também de ser vindicado por Deus.
Pedro, ao despertar do sono,
faz uma sugestão descabida: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três
tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias” (v. 5). Claro, seria
bom ficar ali; É um momento místico, longe do dia-a-dia, da caminhada, das
dúvidas, dos desentendimentos, da luta. Mas, é uma sugestão que Jesus não pode
aceitar, pois seria uma fuga da sua missão de Servo de Javé. Terminado o
momento de revelação, “Jesus estava sozinho” e em seguida “desceram da
montanha” (v. 9). Por tão gostoso que possa ser ficar no Monte, é preciso
descer para enfrentar o caminho até o Monte Calvário! A experiência da
Transfiguração está intimamente ligada com a experiência da cruz! Talvez, foi a
força da experiência do Monte Tabor que deu a Jesus a coragem necessária para
aguentar a experiência bem dolorosa do Calvário!
Todos nós - seja qual for a
nossa vocação - precisamos de momentos de oração profunda, de união especial
com Deus. Mas, essas experiências não são “intimistas” - nos aprofundam a nossa
fé e o nosso seguimento para que possamos seguir o exemplo d’Ele que lavou os
pés dos discípulos: “Eu, que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés de
vocês; por isso, vocês devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14). Também,
esse trecho pode nos ensinar a valorizar os momentos de “Tabor”, os momentos de
paz, de reflexão, de oração. Pois, se formos coerentes com a nossa fé, teremos
muitas vezes de fazer a experiência de “Calvário”! Somos fracos demais para
aguentar esta experiência - por isso, busquemos forças na oração, na Palavra de
Deus, na meditação - mas sempre para que possamos retomar o caminho, como
fizeram Jesus e os três discípulos! Para os momentos de dúvida e dificuldade, o
texto nos traz o conselho melhor possível, através da voz que saiu da nuvem:
“Este é o meu Filho bem-amado. Ouvi-o!” (v. 7). Façamos isso, e venceremos os
nossos Calvários, como Jesus venceu, e mais tarde, os seus discípulos!
Salmo responsorial 115/116B
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Guardarei a minha fé, mesmo dizendo:
“É demais o sofrimento em minha vida!”
É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
vosso servo que nasceu de vossa serva;
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!
Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido;
nos átrios da casa do Senhor,
em teu meio, ó cidade de Sião!
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.
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