Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
QUARTO DOMINGO DA QUARESMA - ANO B
Jo 3,14-21
“Deus enviou o seu Filho ao
mundo não para julgá-lo, mas para que seja salvo por Ele”
Oração
do dia
Ó
Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero
humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam
cheio de fervor e exultando de fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo.
Evangelho
(João 3,14-21)
Proclamação
do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 3,14 “Como Moisés levantou a
serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, 15 para que todo homem que
nele crer tenha a vida eterna. 16 Com efeito, de tal modo
Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer
não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para
que o mundo seja salvo por ele. 18 Quem nele crê não é
condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho
único de Deus. 19 Ora, este é o
julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a
luz, pois as suas obras eram más. 20 Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a
luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. 21 Mas aquele que pratica a
verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em
Deus”. Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
Inicia-se com a primeira de três frases em João sobre o “levantar” do
Filho do Homem, aqui usando paralelismo com a serpente de bronze de Nm 21, 1-9.
O termo “levantado” refere-se tanto ao ser elevado na cruz como ao ser
levantado aos céus. A Cruz é o primeiro passo na volta de Jesus ao Pai.
A parte central do texto insiste no infinito amor do Pai pelo mundo.
Mais uma vez cumpre reconhecer que o termo “mundo” tem diversos sentidos em
João. Muitas vezes refere-se às forças opostas a Jesus, e, portanto tem uma
conotação altamente negativa. Aqui se refere à criação de Deus, o universo, com
uma conotação positiva. Infelizmente nos dias de hoje, muitos adeptos das religiões
veem o mundo como algo negativo e pecaminoso - frequentemente justificando-se
com uma interpretação errônea de João e assim criando uma religião dualista,
onde o “espiritual” é santo enquanto o “material” é pecaminoso. Assim, o mundo
se torna mais o domínio do demônio do que de Deus e cria-se uma religião de
alienação e fuga das realidades terrestres. Tal visão deve-se mais a certas
religiões pagãs do que à mensagem do Evangelho.
A missão de Jesus não é de condenar, mas de salvar. Porém a própria
presença de Jesus já constitui um julgamento, pois exige uma tomada de posição
da parte de cada um. Para o judaísmo, e muitos escritos do Novo Testamento, o
juízo deve acontecer no fim da história; mas, para João se dá quando alguém se
encontra na presença de Jesus e conscientemente recusa a sua mensagem. O termo
que a teologia usa para essa visão é “escatologia realizada”. Na visão de um
mundo dividido entre luz e trevas, há paralelos com os documentos do Mar Morto,
provavelmente da seita dos Essênios.
O cerne da questão é crer ou não em Jesus. Mas, é importante lembrar
que “crer” não é somente um exercício intelectual de aceitar que algo seja a
verdade. “Crer” é assumir o projeto de vida de Jesus, é seguir nas suas
pegadas. É fazer as suas opções concretas, ou melhor, de agir como Ele agiria
se estivesse entre nós hoje. Como será que Jesus agiria diante dos escândalos e
crises que assolam o nosso mundo? Que posição tomaria diante da acumulação de
bens e terras nas mãos de poucos? O que faria diante da questão da reforma
agrária, ou da destruição do meio-ambiente? O que diria diante do sofrimento de
milhões de desempregados na crise atual econômico-financeira, criada por gananciosos
que não sofrem as consequências da sua sede sem limites de lucro?. “Crer” n’Ele
não é afirmar teses teológicas, mas seguir na prática esse Jesus de Nazaré que
se colocou sempre ao lado dos excluídos.
É bom notar que Jesus, enfatizando nessa seção a necessidade do
nascimento novo espiritual (estamos ainda no discurso diante de Nicodemos) nega
a importância de nascer fisicamente no Povo Eleito - mais uma vez, como em Caná
e no Templo (2, 1-11.13-22), Jesus substitui um dos pilares do judaísmo da sua
época!
Estamos em plena Campanha da Fraternidade, procurando criar um novo mundo novo onde todos tenham acesso a uma vida digna - lutando pela luz contra as trevas! Agir “segundo a verdade” (v. 21) significa fazer o bem. Quem luta pelo bem, pela vida, contra a exclusão, realmente “crê” em Jesus, seja qual for a sua confissão religiosa, e “não é condenado” (v. 18). Quem não faz essa opção, opta então pelas trevas, mesmo que professe de uma maneira ortodoxa as teses da fé, mas realmente “não crê no nome do Filho Único de Deus” (v. 18). Ninguém escapa de fazer essa opção concreta, pelo bem ou pelo mal, pela luz ou pelas trevas, pelo Reino ou pelo anti-Reino! É pelos frutos que se conhece a árvore! A Quaresma nos convida para revermos as nossas opções de uma maneira sincera.
Estamos em plena Campanha da Fraternidade, procurando criar um novo mundo novo onde todos tenham acesso a uma vida digna - lutando pela luz contra as trevas! Agir “segundo a verdade” (v. 21) significa fazer o bem. Quem luta pelo bem, pela vida, contra a exclusão, realmente “crê” em Jesus, seja qual for a sua confissão religiosa, e “não é condenado” (v. 18). Quem não faz essa opção, opta então pelas trevas, mesmo que professe de uma maneira ortodoxa as teses da fé, mas realmente “não crê no nome do Filho Único de Deus” (v. 18). Ninguém escapa de fazer essa opção concreta, pelo bem ou pelo mal, pela luz ou pelas trevas, pelo Reino ou pelo anti-Reino! É pelos frutos que se conhece a árvore! A Quaresma nos convida para revermos as nossas opções de uma maneira sincera.
Salmo responsorial 136/137
Que se prenda a minha língua ao céu da boca
se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
Junto
aos rios da Babilônia
nos
sentávamos chorando,
com
saudades de Sião.
Nos
salgueiros por ali
penduramos
nossas harpas.
Que se prenda a minha língua ao céu da boca
se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
Pois
foi lá que os opressores
nos
pediram nossos cânticos;
nossos
guardas exigiam
alegria
na tristeza:
“Cantai
hoje para nós
algum
canto de Sião!”
Que se prenda a minha língua ao céu da boca
se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
Como
havemos de cantar
os
cantares do Senhor
numa
terra estrangeira?
Se
de ti, Jerusalém,
algum
dia eu me esquecer,
que
resseque a minha mão!
Que se prenda a minha língua ao céu da boca
se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
Que
se cole a minha língua
e se
prenda ao céu da boca
se
de ti não me lembrar!
Se
não for Jerusalém
minha
grande alegria!
Que se prenda a minha língua ao céu da boca
se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
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