sábado, 31 de dezembro de 2011

EPIFANIA DO SENHOR


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR

Mt 2, 1-12

“Ajoelharam-se diante dele, e lhe prestaram homenagem”

Hoje no Brasil celebramos uma das grandes festas do Ciclo de Natal - a Manifestação do Senhor (“Epifania” em grego, cuja data tradicionalmente era 6 de janeiro), onde comemoramos o fato de que Jesus foi manifestado não somente ao seu próprio povo, mas a todos, representados pelos Magos do Oriente. Embora a festa tenha muita popularidade folclórica, ela celebra uma grande verdade da fé - que a salvação em Jesus é para todos os povos, sem distinção de raça, cor ou tradição religiosa. Retomando a grande intuição do profeta Isaías, celebramos hoje a salvação universal em Jesus.
O texto de hoje é altamente simbólico - usa uma técnica da literatura judaica chamada “midrash”, ou seja, uma releitura de passagens bíblicas, com o intuito de atualizá-las. Assim, Mateus quer ensinar algo sobre Jesus, usando figuras e símbolos tirados de diversos textos do Antigo Testamento. Por exemplo:
Vêm os magos (nem três, nem reis!) buscando o Rei dos Judeus. Esses magos lembram os magos que enfrentavam e foram derrotados por Moisés (Ex 7, 11.22; 8, 3.14-15; 9, 11) e acabaram reconhecendo o poder de Deus nas maravilhas feitas por Ele.
A estrela é sinal da vinda do Messias, prevista na profecia de Balaão (a “Estrela de Jacó” de Nm 24, 17)
O menino nasce em Belém, segundo a profecia de Miquéias (Mq 5, 1)
Os presentes lembram as profecias de Segundo-Isaías e os Salmos sobre os estrangeiros que viriam a Jerusalém trazendo presentes para Deus (Is 49, 23; 60, 5; Sl 72, 10-11).
Herodes é o novo Faraó, que também massacra os filhos do povo de Deus (Êx 1, 8.16).
O texto chama a atenção pelas reações diferentes diante do acontecido. Os que deveriam reconhecer o Messias - pois são versados nas Escrituras - ficam alarmados, pois para eles, opressores do povo através da religião e da política, Jesus e a sua mensagem constituem uma ameaça. Outros, pagãos do oriente, buscando sem ter certeza, arriscam muito para descobrir o verdadeiro Deus, e entregam-lhe presentes, sinais da partilha que será característica do Reino que Jesus veio pregar.
Hoje em dia, verificam-se as mesmas reações diante de Jesus e do seu Evangelho. Muitos querem reduzir os eventos religiosos a algo folclórico com shows e cantos, como se vê claramente nas festas natalinas, quando até bancos, que desfrutam de lucros astronômicos e imorais, esteios que são do sistema neo-liberal que cria pobreza em toda parte, promovem apresentações sentimentais de Natal, usando os mesmos pobres que eles ajudam a criar! De forma alguma esse tipo de celebração questiona a nossa sociedade e os seus valores. Para outros, o menino na estrebaria é um sinal do novo projeto de Deus, o mundo fraterno, onde todos as pessoas de boa vontade devem se unir, seja qual for a sua raça, nação, gênero ou religião, para construir a fraternidade que Deus quer.
Jesus não precisa de presentes, mas sim do nosso esforço na vivência do Reino de Deus. Não caiamos em celebração vazia das histórias do Ciclo Natalino, reduzindo o seu sentido a algo somente sentimental e folclórico. Na prática, temos que optar, ou para uma vivência religiosa vazia como a de Herodes e dos Sumos Sacerdotes, ou pela mensagem libertadora e salvadora do Menino de Belém, que convoca a todos, representados pelos magos, para a construção de um mundo de paz, fraternidade e justiça, pois Jesus veio para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente” (Jo 10, 10).






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